domingo, 13 de fevereiro de 2011

NIGHT-ROCK A HARLEY QUATRO RODAS

 

       Customização de Chrysler 1928 Roadster é inspirada na mais malvada das motos Harley-Davidson: a Night Rod Special

           De todos os veículos circulando pelas ruas, difícil encontrar algo mais exclusivo, pessoal e rebelde do que uma moto custom com seu motor bicilíndrico em “V” e escapes diretos roncando alto. A fabricante americana Harley-Davidson faz sucesso graças à vasta oferta de customs para diversos níveis de rebeldia. A mais malvada das H-D em produção é a Night Rod Special . A visão da H-D com cara de má inspirou Almir Rocha. Entusiasta fervoroso, Rocha não é novato entre os customizados. Sua impressionante picape Ford 59 azul, a Blue Rock, modificada por Adriano “Bozo” Ricardi.
       Para manter o espírito livre e rebelado de sua musa inspiradora de duas rodas, Rocha tinha a base perfeita: um Chrysler modelo 72 Roadster, ano 1928, que já havia sofrido alterações nos anos 60. Era uma “carreteira” — carros antigos preparados para corridas de circuito, muito populares aqui no Brasil e na Argentina nas décadas de 1950 e 1960 —, um hot rod de outra época.
Roadster e com um motor V8 roncando. Humm... Definitivamente, as sensações de liberdade, poder e rebeldia oferecidas por uma custom estavam garantidas!
          O Night-Rock, nome dado a este Chrysler, foi montado por Alexandre Benevides, o Alê da Hot Company Brasil, de Salto (SP). Rocha enviou seu roadster para o interior paulista com sua futura mecânica de acompanhante: um motor Dodge V8, Serie LA 318, e um câmbio automático Torqueflite 727 de três marchas, do mesmo fabricante, ambos completamente revisados.O primeiro passo foi separar a carroceria do chassi. Jateamento com material abrasivo removeu anos de tinta sobre tinta para que Alê avaliasse o estado geral da estrutura. Surpreendentemente, estava em boas condições! Fixado à mesa “0” (zero) para garantir perfeito alinhamento, o chassi foi reparado, remendado, reforçado e modificado, recebendo novos pontos de fixação. Estes suportes acomodariam o powertrain Dodge, a suspensão traseira four link e o eixo rígido dianteiro Superbell avançado à frente e ligado por barras do tipo “four bars”.

A carroceria recebeu incontáveis horas de trabalho dos artesãos da HCB. “Não há um ponto sequer que não tenha sido cuidado. Capô e algumas partes da carroceria são novos, tiveram de ser fabricados. Claro que na mais pura lata”, conta Alê.
Por sinal, trabalho em metal é o que não falta dentro da HCB. É uma bateção de lata para criar peças novas o dia inteiro. Afinal, dentro do galpão, há mais de duas dezenas de projetos em andamento. Há desde populares picapes Ford e Chevrolet de diversas épocas, Mustang dos anos 60, exclusivos Ford 32 three window e 33 Phaeton, até uma bela e rara Chevy Nomad 57! Todos passando ou aguardando a vez de sofrerem transformações tão radicais quanto bem-executadas.


Depois de estrutura e funilaria finalizadas, chassi e carroceria se encontraram novamente. Desta vez, estavam unidos para que Alê modelasse as peças exclusivas do carro. Por sinal, esta é a especialidade do customizador, que passou algum tempo nos Estados Unidos aprendendo os segredos de modelação para fabricação dos hots. Moldura do para-brisa, estribos, para-lamas, tudo foi modelado em papelão e depois fabricado em metal.
Carroceria, chassi, suspensões e eixos receberam o preto acetinado Basf que, apesar de não brilhar, não tem a aspereza característica do tradicional preto fosco, difícil de ser cuidado. Mantendo o tema Night Rod Special, um par de racing stripes no mais puro, brilhante e profundo preto cruzam a carroceria, desde o colar do radiador até o painel traseiro.
Como Alê é representante da Billet Specialties aqui no Brasil, as rodas de alumínio usinado não poderiam ser de outra marca. São modelo Bonneville, de aro 17” e 7” de largura na dianteira e aro 18” com 10” de tala na traseira. Ambas foram montadas com pneus Pirelli P Zero 225/45 e 315/35, respectivamente. A exemplo da carroceria, as Billet seguiram o tema e receberam tinta preta e um pinstripe laranja circundando-as.
Os bancos da Speedway Company são no estilo “bomber seat” — inspirados nos assentos de aviões bombardeiros da Segunda Guerra Mundial, muito populares nos primeiros hots — e têm revestimento com tecidos com o logo Harley Davidson.




Apesar do aparente desconforto, andar com o Night-Rock pelas ótimas estradas paulistas é uma experiência agradável. O para-brisa bem baixo e o espaço interno “generoso” (para um roadster dos anos 20, claro) oferecem uma sensação de liberdade plena, bem ao estilo custom, com vento na cara e pernas esticadas. Parece até que você está em uma H-D de quatro rodas.
Suspensão e direção ainda precisam de alguns ajustes. O volante Billet copia a mais ínfima imperfeição da pista. Segundo o customizador, é “falta de quilometragem”, e em breve tudo estará ajustado. Tudo bem, Alê. Mesmo as H-D têm suas características marcantes. São exatamente estes detalhes que produziram ícones inspiradores e desejados como as customs e os hot rods...


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